sábado, 1 de janeiro de 2011

Tudo novo!

E o sonho acabou. É, aquele sonho de olhar pra trás, analisar todos os pontos negativos do ano que passou, só para esperar algo melhor do que está começando.
E então? O que ficou do ano velho, não tão velho, mas fresco ainda em nossa memória? Atrevo-me a parafrasear pessoa mui amada, “sobrou a louça suja na pia” que, não, ninguém vai se oferecer para lavar e amenizar o seu primeiro fardo do ano. E assim foi durante o caminhar de todo o ano passado. O mais impressionante, parando pra pensar, é que as louças sujas, as sobras na mesa, a bagunça pela casa, é tudo como um tesouro desenterrado há algumas horas e aberto somente no ano que se chegou. E para por aí! O tesouro conquistado no primeiro dia do ano são as sobras do ano passado.
Pra quê tanta algazarra, luzes, fogos, gritaria? Sincero, o único motivo pelo qual vejo que valeria a pena tanta zorra seria o céu amanhecer roxo, as flores sapateassem e os pássaros resolvessem cantar And Your Bird Can Sing, ou algo parecido. No entanto - corrija-me se estiver errado -, o céu nasceu o mesmo - cinza, aliás -, as flores ainda estão quietas no meu jardim e os pássaros, coitados, ainda só podem voar. E nós que, por um momento, tiramos o pé do chão, amanhã o colocaremos novamente no devido lugar. Coitados.
Nem o céu mudou, esse traidor! Tantos barrancos derrubados, tantas crianças chorando, tantos andarilhos debaixo dos viadutos, acocorados e escorados uns nos outros pra se esquentar, tudo porque chove a cântaros nessa época do ano. Não é um ano novo? Então, por que ainda chove como no ano passado?  Por que as mesmas intempéries? Por que muita gente ainda com fome, frio, molhada e sem esperança? E no fundo, que diferença faz mesmo? Se fazia alguma, já me esqueci. Meu chocolate quente tá fervendo no fogo, e pode sujar meu fogão automático, e ficarei muito chateado enquanto o tomo debaixo das cobertas.

Mas então, o sonho acabou. Aquele, lembra? De olhar pra trás, analisar, blá blá blá... Afinal, e disso todos nos certificaremos, tudo vai continuar o mesmo.                                               

Um comentário:

  1. Sempre... Sempre a mesma louça suja, com os restos do que queremos esquecer criando bolor. Amei a inserção. Agradeço por demais.

    Quanto ao céu, cinza - aqui- como a dias não se fazia, só trouxe a melancolia tão típica dos enganos que a eminência do novo nos coloca na alma.

    Já estou na ansiedade do próximo.

    ResponderExcluir