sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Desperto

Desperto, nova manhã
Tenho sonhos nas mãos
Vagos sonhos
Sonhos inacabados
Sonhos intermináveis
Tornam-se somente
Mais um quarto vago

E no que me torno
Todos podem descrever
Todos podem entender
Todos explicam
Todos sabem do que falam
Mas ninguém sequer
Me ouve

Não os culpo
Estou longe, disperso
E apesar de desperto
Não pronuncio palavra
Não digo nada
Preferiria gritar
Mas me mandariam calar
Eu sei

Talvez não queira mesmo
Que me ouçam
Que escutem
O que tenho a dizer
Mas pode ser
Talvez eu queira mesmo
Que gritem também

Qual a culpa em gritar
Senão a de se calar depois?
Qual a culpa em correr
Senão a de ter de parar
Em algum lugar?
Qual a culpa em sentir dor
Senão a de preservar a carne?

Qual a culpa em sonhar
Senão a de ter de acordar?
Qual a culpa em se cansar
Senão a de ter de descansar?
Qual a culpa em matar
Senão a de ser culpado?
E por quê?

Qual a culpa em duvidar
Se a ignorância é uma benção?
Qual a culpa em saber
Quando todos têm dúvidas?
Qual a culpa em calar
Quando todos querem falar?

Então
Qual é a dúvida?


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